Filantropia ousada pode ser a solução para a transformação social no Brasil

No mês em que é comemorado o Dia Nacional da Filantropia, o Observatório entrevistou a gerente de comunicação e conhecimento do IDIS, Luisa Gerbase de Lima, para entender o papel da ousadia no investimento social e no trabalho de ONGs que atuam com causas silenciosas

A filantropia tem papel fundamental na transformação social do Brasil. Através dela, ONGs que combatem a fome, mudanças climáticas, ajudam os animais e garantem os direitos humanos da população conseguem recursos financeiros para exercer suas atividades.

O Brasil possui inúmeros desafios socioambientais e cada vez mais se faz necessário o incentivo de uma filantropia ousada que traga soluções para este cenário. É o que a comunidade filantrópica discutiu no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, um evento do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) que oferece espaço exclusivo para a troca de experiências e fortalece a filantropia estratégica. Sob a ótica da ousadia, os participantes falaram sobre ESG, transformação territorial, avaliação de impacto e fundos patrimoniais.

“Temos desafios urgentes a serem superados e por isso destacamos iniciativas para uma filantropia mais transformadora, diversa e inclusiva. Valorizamos a criação de metodologias e modelos de financiamento, o estabelecimento de parcerias improváveis, a promoção de mudanças significativas, a atitude de assumir os erros e seguir em frente, e fazer diferente o que já estava dando certo”, explica Luisa Gerbase de Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS.

Em 2022, a fome atingia mais de 33 milhões de brasileiros. O número chocou o país e foi o estopim para a mobilização de indivíduos, empresas, governos e organizações sociais. Entre as pessoas que agiram está Geyze Diniz, cofundadora do Pacto Contra a Fome, um movimento multissetorial para erradicar a fome de maneira estrutural e permanente, reduzindo o desperdício em toda a cadeia de alimentos.

“Querem chegar em 2030 sem nenhuma pessoa com fome no país e, em 2040, com toda a nossa população bem alimentada. O tempo é curto, os números podem ser paralisantes para alguns, e por isso essa história ilustra tão bem a ousadia”, explica Luisa.

PAPEL DA FILANTROPIA EM CAUSAS SILENCIOSAS

Dentro do ambiente filantrópico, existem causas mais favorecidas do que outras. Segundo Luisa, o âmbito corporativo, em geral, opta pelo investimento em causas mais tradicionais e que envolvem menos polêmicas. Por outro lado, a atuação filantrópica de indivíduos e famílias é mais livre e independente, atendendo também causas negligenciadas.

“Há causas que realmente atraem menos atenção e investimentos. São temas complexos, que envolvem ecossistemas intrincados, que nem sempre contam com a empatia ou consenso da opinião pública. São exemplos o enfrentamento à prostituição infantil, a reinserção de egressos do sistema prisional, a regulação das drogas ou a defesa de direitos de povos indígenas. Abraçar tais causas, dessa forma, é uma atitude ousada”.

A filantropia contribui para o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Os ODS incentivam países e instituições a agirem para construir uma sociedade mais justa, sem preconceitos e sustentável.

Fonte: observatorio3setor.org.br

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