Estudo liga sedentarismo e uso de telas à piora na saúde mental de adolescentes

Apesar do uso de telas excessivo prejudicar saúde mental dos jovens, o estudo apoiado pela Fapesp mostrou que existem benefícios na exposição, por tempo moderado, em atividades educacionais sedentárias

Estudo mostra a relação entre comportamentos sedentários e a piora da saúde mental em adolescentes. Publicado no Journal of Adolescent Health, o artigo notou o aumento dos riscos de sofrimento psicológico em jovens que passam mais de 3 horas diárias em atividades sedentárias, como ficar em frente de telas.

Realizado no Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London, no Reino Unido, o estudo foi conduzido pelo pesquisador brasileiro, André de Oliveira Werneck. Ele faz parte do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP). Werneck aparece como um dos convidados do último Brasil ODS, o qual abordou o sedentarismo e os seus impactos na saúde mental.

Durante o episódio, o pesquisador comentou sobre os métodos e pontos fortes do estudo, apoiado pela Fapesp. Ele explicou que a pesquisa utilizou dados de mais de 3,6 mil jovens dos 14 aos 17 anos, do Reino Unido. Para mensurar os resultados, os participantes reportaram, a cada 10 minutos, qual atividade eles estavam praticando na maior parte deste tempo, por meio de um diário. 

Desse modo, foi possível identificar diversas atividades de comportamento sedentário realizadas pelos adolescentes ao longo do dia. “E a partir disso, nós classificamos e fizemos análises por atividade, mas também por domínios maiores. Por exemplo, pelo tempo em telas, por lazer e educacional, e em outras atividades de comportamento sedentário fora do lazer”, disse Werneck.

A pesquisa identificou pontos positivos na exposição a telas por tempo moderado em atividades educacionais. Nesse sentido, o estudo constatou que o hábito de passar entre 60 e 119 minutos por dia em frente das telas, realizando deveres de casa, assistindo aulas ou estudando, pode estar associado a um menor sofrimento mental. 

Uso excessivo de telas

O Brasil ODS sobre sedentarismo e saúde mental também recebeu Rodrigo Martins Leite, médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Entre os assuntos abordados, o psiquiatra deu dicas de como identificar sinais de exagero no uso de telas por parte dos adolescentes.

“O que a gente recomenda de forma geral é observar a mudança do padrão anterior. Se o adolescente era mais falante, mais comunicativo, sociável, e deixa de ser, por exemplo. Ou se ele tinha uma série de interesses e os abandona abruptamente. Se ele era um adolescente calmo, tranquilo, respeitoso, e de repente, fica hostil, agressivo e irritado”, comentou.

Além disso, Leite destacou o desafio em controlar o tempo de tela, uma vez que os próprios pais são dependentes delas. “Os pais também não têm essa autocrítica. Então, como eles vão perceber esse problema nos filhos?” 

Brasil ODS, programa do Observatório do Terceiro Setor

O Brasil ODS é um programa do Observatório do Terceiro Setor, apresentado pelo jornalista Joel Scala e pela Gabriela Chabbouh, especialista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A temática deste episódio colabora com o ODS 3 (Saúde e Bem-Estar), que visa garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

O programa conta com o apoio da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e é veiculado todas as quintas-feiras na Rádio Brasil Atual, às 16h. Também é possível ouvir de qualquer lugar, por meio do site radios.com.br/play/24568.

Redação Observatório 3º Setor

Por: Lucas Neves

Fonte: observatorio3setor.org.br

//]]>