Educação é principal foco de atuação do investimento social privado no Brasil

Última edição do Censo GIFE aponta a área como foco prioritário de 33% dos Investidores Sociais Privados

Em 2022, quase 2 bilhões de reais foram destinados à educação brasileira por Investidores Sociais Privados (ISPs). Isto é o que aponta a última edição do Censo GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), desenvolvido com o objetivo de ampliar o acesso a dados sobre o investimento social privado no país, ou seja, a mobilização voluntária e planejada de recursos privados para iniciativas sociais, ambientais, científicas e culturais de interesse público.

A pesquisa, conduzida com as organizações associadas do GIFE, incluindo a Fundação Norberto Odebrecht, revela que a quantia investida no setor da educação corresponde a 42% do valor total de 4,8 bilhões de reais aplicados pelos ISPs no ano. Isto indica uma tradição: desde edições anteriores do Censo GIFE, a educação é a área que mais concentra organizações com algum tipo de atuação, representando 71% delas.

Além de liderar o campo de atuação geral, a educação também se destaca como foco prioritário de 33% das organizações. No que diz respeito ao valor investido por áreas temáticas de atuação, a quantia de quase R$ 2 bilhões direcionadas para a educação é aproximadamente cinco vezes maior que a segunda área de maior investimento: cultura e artes, que arrecadou R$ 420 milhões.

Para Cristiane Nascimento, gerente da área de Sustentabilidade e Parcerias Sociais da Fundação Norberto Odebrecht, as informações apresentadas no Censo GIFE exprimem uma preocupação do terceiro setor com as oportunidades educacionais do país, e saber que o investimento social privado tem priorizado esta área “traz esperança de que isso possa se refletir futuramente em um Brasil mais justo e menos desigual”, diz.

E a esperança, de fato, não é apenas um vislumbre. Pela primeira vez em sua história, mais da metade da população brasileira de 25 anos ou mais concluiu o ensino médio, segundo pesquisa divulgada em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo estudo, também foi revelado que a taxa de escolarização das pessoas de 15 a 17 anos subiu de 89% em 2019 para 92,2% em 2022.

Este dado, coincidentemente ou não, caminha na mesma direção de outro apontado pelo Censo GIFE: adolescentes de 15 a 17 anos e jovens de 18 a 29 são os grupos mais beneficiados por 45% das organizações de investimento social privado. A faixa etária dos adolescentes, inclusive, é a mesma dos estudantes das Casas Familiares do Baixo Sul da Bahia, instituições parceiras na realização do PDCIS, Programa Social da Fundação que tem a educação de qualidade como instrumento primordial na transformação de vidas.

Alinhamento com ODS

Em 2023, exercendo um compromisso do processo formativo das Casas Familiares, os 337 alunos das instituições compartilharam parte dos conhecimentos adquiridos com suas comunidades, ampliando assim o impacto da educação. Através desta e demais práticas do PDCIS, o programa contribuiu para 14 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda mundial adotada em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030.

Na última edição do Censo GIFE, a incorporação dos ODS na estratégia de atuação das organizações associadas passou de 55% em 2018 para 80% em 2022, demonstrando a crescente importância desta agenda para o investimento social privado no Brasil. O ODS 4, Educação de Qualidade, é o compromisso no qual os ISPs mais se veem alinhados (68%), corroborando com a liderança desta área temática enquanto foco de atuação. Apesar de sua prevalência nos dados da pesquisa, a mesma indica, entretanto, que existe uma tendência de queda em seu investimento.

Desde 2016, houve uma redução de 13 pontos percentuais no conjunto de organizações que manifestaram operar no campo da educação. Por mais que seja expressivo o atual número de associados atuando neste campo (71%), em 2020 já foram 76%, e em 2016, 84% deles. Para Cristiane Nascimento, o declínio do investimento social na área deve ser visto como fator de atenção. “Precisamos atuar em rede e fortalecer cada vez mais nosso foco em áreas prioritárias como a educação, pois esse é o primeiro passo para uma profunda transformação social, capaz de reduzir, de fato, a desigualdade no país”, afirma.

Fonte: gife.org.br

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